domenica 29 ottobre 2006

SE ME ENTENDES...


é porque não nos perdemos... um do outro, de nós... se me entendes... sorri.


giovedì 26 ottobre 2006

E SO CHE INDIETRO MAI PIÙ SI RITORNA...


Eppure ancora ti resto vicino, stanotte resta su questo cuscino...

mercoledì 25 ottobre 2006

COME UNA DANZA IX - PENULTIMA PUNTATA


Florença amanhece devagar. Os tons cinzentos de um céu cheio de chuva impõe-se no horizonte. Caminhamos em silêncio, as mãos manchadas de verniz, os pulsos sujos de gesso. Não sei ao certo há quantas horas estou acordada, o corpo reclama, mas o espirito mantem-se teimosamente aceso.
- Nem posso acreditar que o recuperámos! – Atiro. Foi mais um desabafo do que uma abordagem. – Tenho que reconhecer que você percebe disto! – ele sorriu apenas. Um sorriso novo, largo, sincero.
Atravessamos a praça e a chuva começa finalmente a cair. O meu prédio está a poucos metros, mas nenhum de nós acelera o passo. Subimos juntos o primeiro degrau, eu subo os outros, ele permanece imóvel.
- Acho que é aqui que nos despedimos! – a chuva caia com demasiada força. Não me lembro quando deixei de a sentir. – Vai embora sábado, não é? Eu vou para Siena logo á tarde, não volto antes do próximo mês. – rematou.
Não soube o que dizer enquanto me estendia a mão. – Foi um prazer trabalhar consigo! – esboçou um sorriso.
Senti as mãos dele apertarem as minhas. Ele virou-se e desceu o degrau que subira. Afastou-se devagar. Voltou para trás quando o chamei e pela primeira vez descobri o verde dos olhos dele, um verde que nunca lhe vira, iluminado, ansioso.
E foi como se o mundo não desabasse em água sobre nós, como se os carros não parassem nos semáforos, como se as pessoas no passeio não se desviassem para passar... não abri os olhos enquanto não acabou e nos dias seguintes, quando ao meu lado o andaime permaneceu vazio, foi o sabor da boca dele que me obrigou a sorrir.


domenica 22 ottobre 2006

ESTÁ QUASE...


...na hora de ir embora...
Vais chegar a tempo?

"Vim a voar! Cheguei a tempo?"

Abraça-me...



sabato 21 ottobre 2006

COME UNA DANZA VIII


Parámos nas traseiras da igreja. Ele olhou em volta e pegou no puxador da porta.
- Está fechada! Posso ir dormir agora? – repliquei. Ele tirou uma chave do bolso e fê-la deslizar pela fechadura. A porta cedeu. Sorriu. Voltou a pegar na minha mão e puxou-me para dentro.
- Feche os olhos! – pediu.
- Oh homem ganhe juizo, vou lá agora fechar os olhos! – tirou um lenço do bolso e vendou-me. – Não estou a gostar nada disto, para que conste! – murmurei.
- Você é mesmo dificil de aturar! – resmungou, continuando a guiar-me para o interior da igreja. O cheiro a incenso misturado com o vinho provoca-me náuseas. Ele espera que me recomponha e continua. Paramos e sinto-o posicionar-me de frente para qualquer coisa.
- Pode abrir! – desata a venda.
Primeiro não percebo, depois sigo o olhar dele e mal posso acreditar. Subo pelo andaime e sinto-o atrás de mim. Toco o fresco de Bellini. Um pequeno circulo apenas, vivo, recuperado, quando eu já o dera por perdido.
- Como é que fez isto? – ele está ao meu lado com os olhos presos em mim e não na parede.
- Fiz uma experiência... e resultou! – sorriu, pegou em gesso e colocou-o nas minhas mãos. Sentou-se atrás de mim, explicando-me cada passo do processo. Guiou-me e centimetro a centimetro, com o silêncio dos templos sagrados e o cheiro milenar da religião cristã, Bellini renascia das nossas mãos.

venerdì 20 ottobre 2006

COME UNA DANZA VII


Atravessei a rua com a cabeça a andar á roda e a profunda certeza de que o vinho italiano é tão traiçoeiro como o português. O jantar prolongara-se, precisava de um duche e de regressar á brandura da minha cama.
- Florença não é Lisboa! – achei que o coração me vinha parar ás mãos. – Passear sozinha a estas horas não é o melhor exercicio! – estava sentado á porta do meu prédio, num dos três degraus do edificio do século XVIII. As pernas cruzadas apoiadas uma na outra, os calções manchados com verniz, as botas de montanha cobertas de pó.
- Por amor de Deus, o que é que está a fazer á minha porta a esta hora???!
- Vim ensinar-lhe umas coisas! – levantou-se, estendeu-me a mão. – Venha!
- Ouça, estou farta de si e desse seu ar sabedor! – ele não retirou a mão. – Levei consigo o dia inteiro, chega, fechei a loja! São 2h20, vou dormir! Seja o que fôr, vai esperar para amanhã! – preparei-me para subir os degraus, mas ele não se mexeu.
- Venha! – Insistiu. A mão permanecia estendida. – Vá lá, não seja chata!
E dei por mim a atravessar a praça agarrada á mão dele, com o vinho italiano a toldar-me os sentidos.

giovedì 19 ottobre 2006

COME UNA DANZA VI


- Não avanço mais! – a pintura está tão degradada que a continuação do trabalho pode comprometê-la definitivamente. Ele espreitou-me por cima do ombro.
- Como é que a deixaram chegar a este ponto? – passou a ponta do dedo enluvado a látex pela superficie de gesso e respirou fundo. – Bom olho! – disse entregando-me as luvas. – Se avançasse mais uma camada não sobrava nada para contar história!
- Isso foi um elogio??? – saiu-me antes de poder travar a lingua.
Olhou para mim com ar sério. – Foi a constatação de um facto, mulher! Você estudou, trabalhar bem não é mais que a sua obrigação! – Pôs-se de pé.
- A sua simpatia é extasiante!
- Por hoje chega! Faça um relatório e entregue-mo amanhã! – desceu com agilidade e lá em baixo chamou o meu nome. Não sei porque raio me soa diferente na boca dele.
- Deixe isso, estava a falar a sério! – tirou o boné e passou o braço pela testa. – Aproveite e vá jantar com o pessoal... divirta-se! – Lavou as mãos e pegou na mochila.
- Não vem? – nem sei porque perguntei, ele já tinha recusado o convite.
- Hoje não... nem sempre gosto de multidões!
Já tinha reparado, apeteceu-me dizer.
- Até amanhã! – atirou. E desapareceu, no mesmo silêncio em que costuma aparecer.

SE PEDIU, AGUENTA...


Vou seguir os conselhos de Lenine... do brazuca que canta, não do russo tresloucado que venerou Marx... até me apetecia ir por ai, falar um bocadinho de politica, dar a mão á palmatória, rectificar algumas coisas que disse antes de tempo... vou deixar a coisa mais para frente, talvez espere pela discussão do referendo que ai vem... entretanto, vou obrigar Lenine, o de Pernambuco, a gritar-me aos ouvidos meia dúzia de coisas que estou a precisar de interiorizar... e depois, volto ao terreno de jogo!

mercoledì 18 ottobre 2006

DI NOTTE MI RACCONTERÒ...


Prefiro não te ter.
Não sentir a electricidade da tua pele, a fúria das tuas mãos, a insensatez dos teus pedidos. Prefiro não te ter, não te tocar, prefiro não saber. Tudo é menos doloroso que apoderares-te da minha alma, do meu corpo, comandares o meu desejo e saires da minha cama, um campo de batalha em que a única baixa sou eu.
Juro, prefiro não te ter.


martedì 17 ottobre 2006

COME UNA DANZA V


- Amanhã o tecto ainda cá está... – derrubei uma lata de diluente com o susto. Não me virei para olhar para ele, continuei pacientemente a polir o fresco. – Talvez devesse irritá-la mais vezes, torna-se incrivelmente produtiva! – provoca.
Levantei os olhos e fixei-o. Sorriu.
- Vá para casa! – atira.
- Quando terminar!
Sentou-se na tábua ao meu lado, com os pés pendurados para fora a balançar.
- Se não parar de abanar o andaime ainda dou cabo do seu fresco! – fui agressiva o suficiente ao reforçar o pronome.
Ele soltou uma gargalhada divertida que ecou na igreja.
- Ainda não lhe passou? – pegou num dos meus pincéis e fê-lo rodopiar habilmente entre os dedos. – Você trabalha para mim, estas são as minhas regras.
Senti uma dor aguda nas costas ao pôr-me de pé. Estava ali, encolhida, há demasiado tempo.
- Eu trabalho para o Municipio! E foi a primeira e última vez que gritou comigo á frente de toda a gente, estamos entendidos?
Voltou a sorrir e trepou para o andaime do lado. Passou a mão pela pintura.
- Talvez não devesse ter gritado consigo!
- Isso é um pedido de desculpa?
- Não seja exigente! – olhou para mim. A roupa desalinhada, as madeixas de cabelo mal preso, tinta nas mãos, na cara.
Sentou-se e recomeçou a trabalhar.
- Vai ficar a olhar para mim? – perguntou. – Quatro mãos trabalham mais que duas!

lunedì 16 ottobre 2006

COME UNA DANZA IV


Estou cansada, a garganta seca, o estômago que reclama. Desço e encontro-o de braços cruzados, encostado a uma das bancadas de trabalho. O olhar endurecido. Calções acima do joelho, t’shirt azul escura e botas de montanha.
- Quem foi que a mandou para ai? – atira com agressividade.
Demoro a perceber.
- Como?
- Quem foi que a mandou trabalhar nesse painel?
- O Matteo precisou de sair e...
Avança dois passos na minha direcção sem descruzar os braços.
- Sou eu que dirijo esta porcaria e não volta a mudar de sitio a menos que eu lhe diga, estamos entendidos? – a esta altura várias cabeças espreitam do alto dos andaimes á volta. – Não quero uma miúda a mexer nos meus frescos sozinha! – o tom de voz elevou-se e estou capaz de lhe atirar uma tábua á cabeça.
Respiro fundo, pego num pedaço de desperdicio que me tire a tinta das mãos e engulo a resposta. Saio da igreja sem que ele mexa um único músculo do corpo. A chuva cai com força e o contraste da água fria ajuda a baixar a pressão arterial.
Caminho devagar em direcção á Piazza della Signoria. Alguma vez tiveram a sensação que os problemas estão apenas a começar?

domenica 15 ottobre 2006

COME UNA DANZA III


Definitivamente o Inverno chegou á Toscana. O sol esconde-se de dia para dia, o vento sopra rasteiro erguendo-se em remoinhos, a chuva miudinha alterna com bátegas rigorosas que se desfazem no chão. O restolhar da água faz eco no telhado da igreja, trabalhamos com o ensurdecedor coro da natureza.
- Terminas isso enquanto vou almoçar? – Matteo abana o andaime, fazendo cair meia dúzias de pincéis lá em baixo.
- Oh brutinho! – protesto. – Acabo, acabo, vai lá enfrascar-te em junk food!
- Olha que o boss deve tar a chegar, é melhor mexeres esse belo rabo!
Desta vez o pincel que lhe acerta na testa não cai por acidente.
- Mau feitio!
E desanda, sorridente, de debaixo da estrutura metálica agarrado ao hematoma adquirido.
Olho para o fresco de Rafael, o de Urbino, o renascentista cuja morte prematura acabou por tornar um mito. O mestre da escola florentina. As cores e o traço recomeçam a ganhar vida, mergulho no séc. XVI e nem me apercebo do par de olhos que me segue os movimentos.

sabato 14 ottobre 2006

COME UNA DANZA II


Odeio alturas. Lá em cima, o espaço é reduzido. Felizmente a concentração impedirá o movimento. Um fresco a implorar restauração, as cores esbatidas, desgastadas, carcomidas pelo fumo de velas acessas por promessas. Sento-me de pernas cruzadas, passo a mão pela superficie rugosa e ao fechar os olhos quase sinto o artista ao meu lado, sussurrando fórmulas, truques que lhe tragam de volta a obra. Primeiro um banho, sem água, um banho de amor e cuidado, de ternura e dedicação, um banho que me dê esperança á tarefa.
A poucos metros, outro andaime range enquanto ele eleva o corpo até lá acima. Tem nas mãos a mais árdua das missões. Mas é um artista, o melhor. Ao atingir o topo assenta as botas de montanha nas tábuas e abana a estrutura.
- Não acabo isto sem me espatifar lá em baixo! – resmunga.
E pega nos materiais, ajoelha-se aos pés de São Lourenço e recomeça de onde tinha parado. Sei que permanecerá ali durante horas, sem que nada o perturbe, sem que ninguém consiga alcança-lo. É um artista e eu estou aqui por causa dele.

venerdì 13 ottobre 2006

COME UNA DANZA I


O táxi parou á porta da igreja. O trânsito continua infernal como me lembro dele. Passaram demasiados anos desde a última vez que aqui estive mas tudo me parece incrivelmente igual. As folhas secas embaladas pelo vento continuam a varrer os degraus do templo.
Entro devagar, retiro os óculos escuros e faço um esforço para me habituar á escuridão da basilica. O cheiro a tinta, a diluentes, a pigmentos... o barulho metálico dos andaimes... as vozes masculinas com sotaque toscano... os frescos magnificos, alguns tapados por plásticos de má qualidade a aguardar a sua vez, outros finalmente recuperados por mãos habéis e mentes dedicadas... Tiziano, Bellini, Rafael...
Um homem de calças caqui, camisola preta e botas de montanha... pincéis, paletas, os dedos sujos... um sorriso franco...
- Bem-vinda a Florença!
Vou gostar de cá estar.


A VOLO D'UCCELO


Medo e coragem, lembras-te? Medo que o desconhecimento acabe por me sufocar, coragem porque quem fica jamais fica igual... medo que a angústia de ficar presa ao chão me torne cinzenta e miserável, coragem para soltar todas as mãos, sem saber quantas delas esperarão... medo que o mundo se acabe sem ter tempo de o abraçar... coragem? Pouca... Voltarei para contar histórias, as minhas, ou talvez acabe apenas por escreve-las num bloco gasto de capa grossa... voltarei para mostrar as asas ainda maiores que criei e para vos ver felizes, cheios das raizes que escolheram para vos agarrar á vida... medo de fazer a escolha errada, de partir em vez de ficar... estarei á vossa espera, sempre... Paris, Milão, Tóquio... terei passado por lá e vocês comigo...

mercoledì 11 ottobre 2006

DESPIDIENDOTE...


"Não perdemos, amor. Ou teremos perdido os dois... não sei, aposto que não sabemos... quem perdeu quem ou quem se perdeu de quem... perdeste tu, que adoravas discutir Dali comigo, perdi eu, que amava o teu talento para a escrita... não perdemos, amor, amámo-nos como se amam os loucos, os insensatos, os destemidos... perdeste tu que sentirás a falta das minhas mãos, perdi eu que nunca tocarei uma mulher como tu... não perdemos, amor, fomos felizes como são os crédulos que acreditam para sempre... perdemos nós, amor, a Alice dos nossos sonhos, a filha que não nos demos... perdemos tudo, amor... não perdemos?"

martedì 10 ottobre 2006

TOO LOST IN U


Não digas nada
Não procures argumentos
Não queiras respostas
Não digas nada
Hoje não vais precisar
Não te justifiques
Não tentes perceber
Hoje não te vais esforçar
Entra e fecha a porta
Deixa o casaco no chão
Encontra os meus passos pela casa
Prende-me, obriga-me
Cala-me com as pontas dos dedos
Ata-me a teimosia
Faz-me pedir por favor
Não digas nada
Hoje não vais precisar


venerdì 6 ottobre 2006

DOPO DI TE... RICOMINCIO DA ME


Vim despedir-me de ti. Outubro é provavelmente o último mês. Depois dele tudo será tão diferente... depois dele nada mais terá importância, depois dele, a nossa história terá sido definitivamente arrumada numa daquelas gavetas de recordações ternas e quase infantis... vim despedir-me e pela última vez, ao mergulhar nos teus olhos, encontro mil perguntas a que nunca quis responder, as mesmas que me fazias, suplicante, ao mesmo tempo que a deixavas entrar, num repente, e apagar os nossos passos...



martedì 3 ottobre 2006

IN ASSENZA... DI ME


Desculpem a ausência... estou em jogo e não tenho margem pra erro! Espero voltar depressinha