sabato 25 marzo 2006

MI DISPIACE

"Lembro-me que quando era pequeno, gostavas de me mostrar livros com imagens de monumentos e paisagens de paises distantes. Pegavas em enciclopédias ou revistas e ficavas horas a folheá-lhas, dizias que um dia, havias de encontrar um sitio, só para ti, um que tivesses o teu nome escrito no chão, e que nesse dia, pegarias no caderno de desenhos e no saco-cama do avô António e ias viver para lá. A tua mãe dizia-te que já tinhas um lugar, uma casa, tu sorrias e abanavas a cabeça, “o meu lugar não é aqui!” respondias baixinho.
Durante anos, ouvi a história do passáro de cores alegres que tinhas no coração e quando o fim da adolescência te trouxe alguma independência, vi-te partir para longe, para tão longe que a única coisa que me ajudava a aliviar aquela dor cinzenta e enorme dentro do peito, aquela a que a minha mãe chamava “saudade”, era a tua voz rouca e suave que soava tão distante e tão metálica quanto o aparelho de que precisava para te ouvir.
Ás vezes, quando não conseguia sossegar, ia a tua casa, esgueirava-me até ao teu quarto, pegava na boneca de tranças louras que repousava em cima da cómoda e ficava a chorar baixinho na almofada que costumava ser tua. Acordava com a tua mãe a sorrir-me equanto me perguntava se eu sentia a tua falta.
E eu perguntava-te se, lá onde estavas, já tinhas encontrado o tal sitio com o teu nome escrito no chão. Respondias-me com um suspiro profundo mas esperançado “Ainda não!”. "


Porque as vezes nem percebemos o efeito que a nossa ausencia causa nos outros...

1 commento:

Nekynho ha detto...

E às vezes os outros nao se dao conta dos efeitos que a presença deles causa em nos :o)
Baci :o)