sabato 14 ottobre 2006

COME UNA DANZA II


Odeio alturas. Lá em cima, o espaço é reduzido. Felizmente a concentração impedirá o movimento. Um fresco a implorar restauração, as cores esbatidas, desgastadas, carcomidas pelo fumo de velas acessas por promessas. Sento-me de pernas cruzadas, passo a mão pela superficie rugosa e ao fechar os olhos quase sinto o artista ao meu lado, sussurrando fórmulas, truques que lhe tragam de volta a obra. Primeiro um banho, sem água, um banho de amor e cuidado, de ternura e dedicação, um banho que me dê esperança á tarefa.
A poucos metros, outro andaime range enquanto ele eleva o corpo até lá acima. Tem nas mãos a mais árdua das missões. Mas é um artista, o melhor. Ao atingir o topo assenta as botas de montanha nas tábuas e abana a estrutura.
- Não acabo isto sem me espatifar lá em baixo! – resmunga.
E pega nos materiais, ajoelha-se aos pés de São Lourenço e recomeça de onde tinha parado. Sei que permanecerá ali durante horas, sem que nada o perturbe, sem que ninguém consiga alcança-lo. É um artista e eu estou aqui por causa dele.

1 commento:

as velas ardem ate ao fim ha detto...

Ai amiga,ou é da febre ou não estou a perceber nada....

bjos