martedì 11 ottobre 2005

QUERO VER-TE

O telemovel tocou. Olhei para ele com desdem, odeio atender telefones. Estendi a mao, consultei o visor que me informou que o numero era anonimo.
“Sim?” atendi
“Ola!”
O meu mundo estremeceu. Senti frio na barriga e um no na garganta que me impedia de responder.
“O que e que queres?” perguntei instintivamente.
“Quero ver-te!”
Era preciso muita lata. Depois de quase cinco anos de silencios, saudades, recordaçoes, eis que reaparecia na minha vida, reclamando o lugar que sabia pertencer-lhe.
“Nao mudaste de numero... sabias que acabaria por te procurar, nao sabias?”
Cabrao, idiota, continuava a conhecer-me melhor que eu propria.
“Das-te muita importancia!” respondi irritada.
“Quero ver-te” repetiu.
“Quero que vas morrer longe!”
Ele riu-se do outro lado da linha. O mesmo riso aberto e a mesma voz rouca.
“Estas a dar-me luta?” perguntou. “Fico a tua espera... sabes bem onde!”
E desligou.

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