sabato 21 ottobre 2006

COME UNA DANZA VIII


Parámos nas traseiras da igreja. Ele olhou em volta e pegou no puxador da porta.
- Está fechada! Posso ir dormir agora? – repliquei. Ele tirou uma chave do bolso e fê-la deslizar pela fechadura. A porta cedeu. Sorriu. Voltou a pegar na minha mão e puxou-me para dentro.
- Feche os olhos! – pediu.
- Oh homem ganhe juizo, vou lá agora fechar os olhos! – tirou um lenço do bolso e vendou-me. – Não estou a gostar nada disto, para que conste! – murmurei.
- Você é mesmo dificil de aturar! – resmungou, continuando a guiar-me para o interior da igreja. O cheiro a incenso misturado com o vinho provoca-me náuseas. Ele espera que me recomponha e continua. Paramos e sinto-o posicionar-me de frente para qualquer coisa.
- Pode abrir! – desata a venda.
Primeiro não percebo, depois sigo o olhar dele e mal posso acreditar. Subo pelo andaime e sinto-o atrás de mim. Toco o fresco de Bellini. Um pequeno circulo apenas, vivo, recuperado, quando eu já o dera por perdido.
- Como é que fez isto? – ele está ao meu lado com os olhos presos em mim e não na parede.
- Fiz uma experiência... e resultou! – sorriu, pegou em gesso e colocou-o nas minhas mãos. Sentou-se atrás de mim, explicando-me cada passo do processo. Guiou-me e centimetro a centimetro, com o silêncio dos templos sagrados e o cheiro milenar da religião cristã, Bellini renascia das nossas mãos.

3 commenti:

Mónica Lice ha detto...

Beijinhos de bom domingo para ti!;-)

as velas ardem ate ao fim ha detto...

Ai ai ai...estou ansiosa para perceber tudo isto...


boa semana .bjocas

LurdesMartins ha detto...

Amor à arte... Beijinhos