L'HAI VOLUTA TE

Arrumei os ultimos processos que tinha sobre a secretaria, coloquei os Codigos nas estantes e atirei o maço de tabaco para dentro da mala. Sentia-me como se o dia tivesse durado cinquenta horas e nao tivesse podido parar nem uma. Lisboa anoitecera, o transito começava finalmente a abrandar e la fora apenas os semaforos intermitentes coloriam a avenida. Do 14º andar a vista era um privilegio.
- Nao acha perigoso ficar no escritorio sozinha ate tao tarde? – atirou ele, entrando no gabinete de fato preto, camisa escura e gravata ligeiramente desapertada.
- A unica coisa perigosa neste edificio acabou de invadir a minha sala! – respondi irritada. – Estou de saida, se nao se importa! – peguei no casaco e dirigi-me a porta. Ele avançou, impedindo a passagem.
- Calma! Incomoda-a assim tanto? – sorria sarcastico e contraia o maxilar, enquanto me observava de perto. – Isso e’ tudo irritaçao?
Coloquei-lhe as maos no peito para o empurrar, ao mesmo tempo que ele me segurou os pulsos e rodando a posiçao do corpo me deixou encurralada entre as estantes.
- Nao e’ que nao goste disto, mas fazes-me perder a cabeça... – sussurrou. – Ja chega, agora mando eu!
E eu que o testara ate ao limite, senti os joelhos fraquejar. Era tudo vontade e desejo, puro, fisico, intenso.